Um Caminho de Descoberta
19 a 28 de agosto de 2017
Entre Braga e Santiago de Compostela, percorremos mais de 290 quilómetros. Quer isto dizer que fomos fieis ao caminho percorrido pela Rainha Santa Isabel, pelos Minhotos medievais ou pelos arrieiros? De todo. Alguns destes nossos quilómetros foram desvios (mais involuntários que voluntários) e valeu-nos nesses momentos a preciosa nova tecnologia (GPS., Google Maps…).
Caminho certo ou Caminho errado, descobrimos o nosso Caminho. Sentimos cada pedra da calçada, cada “pista” asfaltada ou não; absorvemos o Caminho com todos os sentidos saboreando cada momento e usufruindo daquilo que o Caminho nos dá.
Calculava que, de todos os Caminhos que fiz (Português, Francês, Primitivo), este seria um Caminho diferente, não fosse pelo facto de não ser ainda oficial e não estar assinalado (cada Caminho é diferente, mesmo sendo a repetição de um percurso); há, no entanto, emoções que se revivem…tal como no francês, senti a presença de outros peregrinos que outrora por aí terão passado.
Os numerosos bosques de folhosas tais como os carvalhos (Quercus sp.), os castanheiros (Castanea sativa), as bétulas, as faias (Fagus sp.) alguns freixos (Fraxinus sp.), alguns bordos (Acer sp.), alguns sobreiros (Quercus suber), e medronheiros (Arbutus unedo), trouxeram-nos memórias dos contos maravilhosos. Um Caminho de encantamento constante. Outras vezes, a intervenção do homem aproveitou o chão fértil cultivando a vinha ou árvores de fruto diversas (macieiras, pereiras, pessegueiros…). Foi também mão humana que sonhou e fez nascer da pedra as mais variadas construções.
Sendo o primeiro Caminho da Ruth, este era ainda mais especial. O facto de sofrer de uma infeção do dedo de um pé, o que nos obrigou a fazer pausas mais frequentes e algumas etapas mais curtas, a peregrina principiante nunca perdeu a boa disposição.
A chegada a Santiago de Compostela foi um momento vibrante de emoção!
A concretização desta aventura foi viável graças à ajuda preciosa do Xoan Pablo Lorenzo Fariña, que, logo desde o contacto inicial, forneceu informação sobre o Caminho se dispôs a acolher-nos; e que acolhimento tão amável! Ensinou-nos a interpretar e descobrir o Caminho. Ao Carlos e ao Jorge da Asoc Codeseda Viva, que nos arranjaram dormida em Beariz e se preocuparam em nos orientar/ situar no sábado (26-8) e que têm trabalhado em prol da homologação deste Caminho Xacobeo; à D. Josefa e seu marido que trataram da Ruth e a aconselharam. Ao município de Cortegada que nos facultou a dormida no Pavilhão desportivo. Não poderemos deixar de agradecer também, de uma forma geral, às gentes da Galiza que estavam sempre prontos a tornar o nosso Caminho mais aprazível.
Justina Vilaça e Ruth Martins