El podcast Caminos con Historia, dirigido por el Doctor en Historia Miguel Dongil dedicó uno de sus capítulos al refugio de peregrinos de Beariz, una casa de acogida gratuita que dispone de todas las comodidades que necesita un caminante y que es obra de José Balboa y su esposa Lorena, una pareja «obsesionada con poner a Beariz en el mapa» y dejar huella en el corazón de cada visitante.
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Peregrinación de Anabela, Licinio e Maria
Anabela Henriques, Licinio Peixe e Maria Joao Silva compartiron a súa peregrinación en Facebook. Moitas gracias!
Etapa 1: De Braga a Caldelas
25/01/2025
O Caminho começou na imponente Sé de Braga, onde a história e a espiritualidade se entrelaçam em cada detalhe. Foi lá que fomos recebidos pela peregrina Ana Maia, que, com generosidade, nos guiou pela saída da Sé, mal identificada, e nos presenteou com uma pulseira, uma seta e uma vieira pequena, verdadeiros mimos que carregamos com carinho neste caminho.
Seguimos o percurso, predominantemente por asfalto, até ao Mosteiro de Rendufe, onde a estrada deu lugar a uma breve e encantadora conexão com a natureza, revelando um cenário mais sereno e inspirador. Foi nesse momento que o Caminho começou a sussurrar a sua essência, convidando-nos à introspeção e à contemplação.
Ao chegar a Caldelas, a receção calorosa do Presidente da Junta de Freguesia, Eng. José Manuel Almeida, fez-nos sentir em casa. Com informações úteis e o sorriso de quem acolhe peregrinos de coração aberto, fomos surpreendidos também pela visita inesperada do amigo e peregrino Paulos Silva, cuja presença tornou a chegada ainda mais especial. No albergue, mais uma demonstração de generosidade: a Sra. Ursula Martins deixou-nos um bonequinho feito por ela, um pequeno talismã que nos acompanhará na mochila.
Esta primeira etapa, marcada por encontros e gestos de bondade, foi mais do que um percurso físico; foi um lembrete da importância das pessoas e das pequenas dádivas que encontramos ao longo do Caminho. Apesar do cansaço, de uma noite sem dormir da viagem de Lisboa para Braga, o coração segue leve e a alma renovada, pronta para o que o Caminho da Geira e dos Arrieiros nos reserva.❤️🙏❤️

Etapa 2: De Caldelas a Campo do Gerês
27/01/2025
Partimos de Caldelas sob um céu carregado, prenúncio da tempestade que nos acompanhou ao longo do caminho. Após um pequeno-almoço na vila, seguimos o caminho com determinação. Aos 4 km, encontramos um café que nos ofereceu o último conforto antes de enfrentarmos a dureza da etapa, já que decidimos não descer a Terras de Bouro e continuámos pelo trilho da Geira.
O percurso revelou-se um desafio imenso. Rios de água transformaram os caminhos em autênticas cascatas com uma força avassaladora. O vento e a chuva, persistentes e impiedosos, testaram não só a nossa resistência física, mas também a nossa determinação. Cada passo parecia uma luta contra os elementos, e a tempestade tornou-se um adversário implacável.
Aos 23 km, tomámos a decisão prudente de abandonar o trilho e seguir pela estrada. As correntes de água no percurso tornavam-se demasiado perigosas para arriscar, e a segurança falou mais alto. Ainda assim, o caminho até à localidade de Covide e, posteriormente, até Campo do Gerês, não foi isento de dificuldades. A chuva incessante e o frio pareciam acompanhar cada quilómetro, mas, com resiliência, superámos os obstáculos.
Chegámos ao Campo do Gerês encharcados até aos ossos, mas com a sensação de alívio e gratidão. Apesar do cansaço extremo e dos desafios enfrentados, foi mais uma etapa superada, marcada pela força do grupo e pela fé em Santiago. A seguir jantar à volta da fogueira para aquecer a alma e o coração . Esta foi, sem dúvida, uma lição de humildade e respeito pela força da natureza, que torna este caminho inesquecível em todos os seus aspectos, até mesmo os mais difíceis.

Etapa 3: De Campo do Gerês a Lobios
27/01/2025
Hoje, enfrentámos mais uma etapa marcada pela chuva incessante, que não nos deu tréguas desde o início. Saímos de Campo do Gerês envolvidos por uma paisagem magnífica, mas rapidamente a realidade da tempestade se impôs. Os trovões ao longe e a água que teimava em cair tornaram cada passo um desafio. Ainda assim, a força do grupo e a fé mantiveram-nos firmes.
Seguimos pelo trilho da Geira, onde as marcas da história são inconfundíveis. As pedras gastas pelo tempo, os miliários romanos e a força da paisagem lembravam-nos constantemente da grandiosidade deste caminho. No entanto, a chuva tornou o percurso ainda mais difícil – os ribeiros transbordavam, criando autênticos rios no trilho.
Na fronteira com Espanha, o caminho desviava-se para a esquerda, e optámos por continuar pela estrada por segurança. Mais à frente, voltámos ao trilho, onde novos caudais vindos da serra testaram a nossa coragem. Atravessámos áreas onde a água chegava um pouco abaixo dos joelhos, mas o importante foi avançar e superar mais este obstáculo.
Ao fim do dia, chegámos a Lobios, exaustos e completamente encharcados. O alojamento transformou-se num improvisado estendal de roupa, onde pendurámos cada peça molhada com um misto de alívio e gratidão. Apesar do cansaço, celebrámos a conquista de mais uma etapa, unidos pela partilha desta experiência única.
Hoje foi um dia menos duro, mas enriquecedor. Cada dificuldade superada reforça a essência do Caminho – um percurso que nos testa e nos transforma. Amanhã, mesmo com previsão de mais chuva, continuaremos com força e fé.

Etapa 4: De Lobios a Castro Laboreiro
28/01/2025
O dia começou em Lobios sob um céu carregado de nuvens, prenunciando o que seria uma das etapas mais desafiantes do Caminho. Saímos com chuva, que nos acompanhou quase sem tréguas, e enfrentámos condições extremas que puseram à prova a nossa determinação e coragem.
Atravessámos rios e rios de água que transbordavam, galgando os trilhos e obrigando-nos a procurar alternativas. Após a Capela do Senhor da Boa Morte, descemos e seguimos o caminho após a ponte de ferro, mas o rio transbordou e fez desaparecer completamente o trilho. Sem outra opção, subimos pela serra até encontrarmos a estrada.
Pelo caminho, enfrentámos trovoada, granizo e, já na chegada a Castro Laboreiro, neve. A travessia pela serra revelou-se dura, com o vento forte e as constantes correntes de água a testarem os nossos limites. Na estrada em direção a Castro, a neve dificultava ainda mais o avanço. Felizmente, a 3 km do destino, um senhor parou o carro e ofereceu-nos boleia, aliviando-nos deste último troço de estrada coberta de neve.
Ao chegar a Castro Laboreiro, a vila pareceu um refúgio abençoado após um dia tão exigente. O castelo em ruínas, imponente no alto do penedo, parecia guardar a aldeia, enquanto as casas de granito e as ruas de pedra transmitiam a resistência e a ligação ao território dos seus habitantes.
O Caminho tem-nos testado a cada etapa, e hoje foi um desses dias. A força da natureza lembrou-nos que o Caminho é tanto sobre superar os desafios externos como os internos. Cada gota de chuva, cada sopro de vento e cada passo difícil trouxeram lições de humildade, união e fé.
No final, percebemos que é nestes momentos, quando somos empurrados para além do que imaginávamos possível, que encontramos a verdadeira essência do Caminho. Este é um percurso de superação, e cada desafio enfrentado torna-nos mais fortes. Amanhã será um novo dia, e seguimos com força, esperança e gratidão.

Etapa 5: De Castro Laboreiro a Cortegada
29/01/2025
Deixamos Castro Laboreiro com gratidão no coração, levamos connosco o calor da forma como fomos recebidos, a simpatia das pessoas e a hospitalidade que tornou a despedida ainda mais especial. O castelo, no alto, parecia acenar-nos como um guardião silencioso do Caminho, testemunha das histórias que por aqui passam.
Saímos com chuva intensa, e assim foi o dia inteiro – um verdadeiro teste de resistência. Houve poucos momentos para fotos, mas a etapa ficará gravada na memória. Hoje, mais do que nunca, caminhámos sobre água. Diria que rios e rios de água nos acompanharam, e, sem exagero, os nossos passos foram, na maior parte do tempo, submersos até aos tornozelos. O tempo estava terrível e, a certa altura, tornou-se impossível continuar ao lado do rio, obrigando-nos a um grande desvio pelo meio da serra.
O caminho era pura superação. Cada passo exigia concentração, cada decisão era guiada pela necessidade de segurança, mas, no final, chegámos a Cortegada pela estrada. E como se o dia já não tivesse sido desafiante o suficiente, os últimos quilómetros foram acompanhados por uma chuva torrencial e por trovoadas que ecoavam sobre as nossas cabeças. O destino parecia ainda distante quando um senhor espanhol, motorista de profissão, parou o carro e ofereceu-nos boleia até ao alojamento rural Casa do Conde. E, como o mundo é uma ervilha, este simpático motorista costuma fazer excursões a Sintra, na nossa terra.
Mas a bondade do caminho não parou por aí. A Jéssica, do alojamento rural, preocupada connosco e com o temporal, ligou-me para saber onde estávamos e, se fosse preciso, vinha buscar-nos. Pequenos gestos que, em dias como este, fazem toda a diferença. No meio da tempestade, o Caminho mostrou-nos, mais uma vez, que há pessoas boas, que a solidariedade ainda é um elo forte entre desconhecidos.
Esta etapa, que liga Castro Laboreiro a Cortegada, é um testemunho da resiliência, da força da natureza e da generosidade humana. É mais um capítulo escrito entre chuva, vento, rios transbordantes e encontros inesperados que aquecem a alma. Porque, no fundo, o Caminho não é só sobre chegar – é sobre viver cada momento, superar cada desafio e sentir que, apesar de tudo, nunca caminhamos sozinhos.🙏❤️🙏

Etapa 6: De Cortegada a Berán
30/01/2025
Hoje, o Caminho brindou-nos com um presente raro nos últimos dias: o sol. Depois de tanta chuva e tempestades, finalmente o céu abriu e deixou-nos caminhar com tempo mais calmo. Foi um alívio sentir o calor suave do sol na pele e ver a paisagem sob uma luz diferente, sem o véu constante da chuva.
O que dizer desta etapa? Se, por um lado, a natureza nos deu tréguas, por outro, o percurso trouxe novos desafios. O caminho da Geira e dos Arrieiros, entre Cortegada e Ribadavia, está muito mal marcado, e os temporais recentes tornaram-no ainda mais difícil de seguir. Mesmo com GPS, avancei pelo trilho da Geira até que me deparei com árvores caídas e silvas a bloquear a passagem. Foi preciso improvisar, desviar e voltar ao caminho, abrindo passagem pelo que parecia um trilho perdido. Mais uma aventura, mais um dia em que o Caminho exigiu resiliência e adaptação.
As subidas e descidas foram constantes, mas, com um dia mais seco, puderam ser apreciadas sem a pressa de fugir à chuva. O percurso revelou-se um verdadeiro convite à contemplação: florestas densas, aldeias silenciosas onde o tempo parece suspenso, e vales que se abrem como quadros pintados pela natureza. A caminhada de hoje foi uma celebração da ligação entre o homem e a terra, com os passos a ecoarem num cenário de simplicidade e autenticidade.
Ao chegarmos a Berán, fomos recebidos com o calor da hospitalidade galega. O Casar do Peregrino do Abdón Fernández tornou-se o nosso refúgio, onde fomos bem acolhidos, e o jantar foi um verdadeiro presente, no Restaurante O Trote, que abriu só para nós os três, encontrámos não apenas uma refeição, mas um gesto de generosidade e carinho. A senhora Triniti (creio ser esse o nome dela), com a sua simpatia e amabilidade, foi mais um exemplo das dádivas que o Caminho nos oferece – pessoas boas, momentos simples, mas cheios de significado.
A gratidão é a palavra do dia. Gratidão pelo tempo mais calmo, pelo percurso desafiador, pelas partilhas e pelo aconchego de um bom jantar no final. O Caminho continua a ensinar que, para além dos obstáculos, há sempre beleza, generosidade e momentos que aquecem a alma. Amanhã será um novo dia, e seguimos com o coração cheio.

Etapa 7: De Berán a Beariz
31/01/2025
Saímos de Bérán envoltos por um nevoeiro denso, que conferia à paisagem um ar místico e silencioso. O contraste com o dia anterior foi evidente, e só então me dei conta de que não tinha mencionado um dos detalhes mais marcantes da etapa anterior: entre Ribadavia e Bérán, as videiras do famoso vinho Ribeiro pintavam a paisagem, lembrando-nos da riqueza desta terra. Hoje, porém, a paisagem transformou-se novamente, e logo à saída de Bérán entrámos numa floresta mágica, onde a natureza parecia guardar segredos antigos.
Mas o Caminho nunca deixa de nos surpreender, e a aventura fez questão de nos acompanhar mais uma vez. Os estragos da tempestade ainda estavam bem presentes, e árvores caídas bloquearam parte do trilho, obrigando-nos a contornar obstáculos e abrir passagem onde era possível. O esforço físico foi imenso, pois esta foi uma etapa exigente, marcada por subidas duras e sem qualquer ponto de apoio ao longo do percurso. Era preciso pernas – e muita vontade – para superar os desníveis constantes até ao destino.
O único café da etapa estava em Pazos de Arenteiro, mas, para nossa infelicidade, encontrava-se fechado. No entanto, a generosidade do Caminho voltou a manifestar-se. Ao passarmos pela localidade, encontrámos o senhor Florêncio, que estava ocupado a preparar a carne dos porcos que tinha abatido. Ao ver que éramos portugueses, chamou-nos com entusiasmo e fez-nos entrar. Com um sorriso, ofereceu licor de café aos meus amigos (eu recusei educadamente!) e uns bolos para adoçar a caminhada. Contou-nos que a sua mulher era portuguesa, de Penafiel, e partilhou histórias com a descontração de quem gosta de receber bem. Mas Florêncio, com a sua energia brincalhona, não resistiu a elogiar a nossa amiga Maria João, agarrando-se a ela como um verdadeiro malandreco!
Já perto do fim da etapa, a fadiga pesava nas pernas, mas o ânimo mantinha-se elevado. Chegámos finalmente a Beariz, onde nos esperava o Pepe, que nos recebeu com o mesmo carinho e hospitalidade de sempre. No seu albergue, encontrámos não apenas descanso, mas também aquele sentimento reconfortante de saber que, apesar das dificuldades, o Caminho continua a ser generoso connosco, seja na beleza das paisagens, seja nos encontros inesperados que tornam cada dia memorável.
Esta etapa, de Bérán a Beariz, foi uma verdadeira prova de resistência, mas também uma celebração do que torna o Caminho tão especial: a natureza, os desafios, a solidariedade e, claro, as histórias inesperadas que nos fazem rir e nos aquecem o coração. Seguimos em frente, com gratidão e um passo cada vez mais próximo do nosso destino.

Etapa 8: De Beariz a Codeseda
01/02/2025
O dia começou envolto em neblina, um véu misterioso que nos acompanhou durante quase todo o percurso, tornando a paisagem ainda mais especial. O Caminho, como sempre, mostrou-se um verdadeiro carrossel da vida, um sobe e desce constante que exige tanto do corpo como da mente. Subimos e descemos, avançando entre trilhos encharcados, onde caminhar com os pés molhados já se tornou parte da rotina. Tentar evitar a água é inútil – aceitamos e seguimos em frente, porque o Caminho ensina-nos que a verdadeira superação não está em contornar os desafios, mas sim em atravessá-los.
Mas o dia também ficou marcado por um gesto de imensa generosidade e amizade. O nosso amigo Licínio, no meio das chegadas e partidas, deixou as suas calças no Albergue Reposo del Caminante, em Beariz, do nosso querido Pepe. E, como já sabemos, o Pepe é um ser de luz. Com a sua bondade infinita, não hesitou em ir pessoalmente entregar as calças no Bar de Codeseda, confiando-as aos cuidados da simpática Maria del Carmen.
E como se isso já não fosse um gesto admirável, no regresso para casa, Pepe encontrou-nos na estrada, em Cachaceiro. Parou o carro, saiu e, sem dizer uma palavra, abraçou-nos. Um abraço sincero, cheio de carinho, daqueles que aquecem a alma e fazem esquecer todo o cansaço do Caminho. Um pequeno gesto, mas com um impacto gigante no coração.
A sua mulher, também com a mesma generosidade, ofereceu-nos um PIN e um porta-chaves do Caminho da Geira, um presente simbólico, mas carregado de significado, que levaremos connosco como lembrança deste dia tão especial.
E claro, não podemos deixar de mencionar a Mari Carmen, do Bar de Codeseda, que nos recebeu com simpatia e doçura genuínas. A cada etapa, encontramos provas de que o Caminho não é só paisagem e esforço físico – é feito de encontros, de gestos inesperados e de pessoas que nos mostram a verdadeira essência da bondade.
Ao chegarmos à Codeseda, o cansaço deu lugar à satisfação de mais uma etapa concluída. As ruas de pedra e a tranquilidade da aldeia acolheram-nos como um abraço, e ao olhar para trás, percebemos que o verdadeiro destino não é apenas Santiago – é cada gesto de bondade, cada sorriso trocado, cada abraço inesperado que torna este caminho tão único.
Seguimos com os pés molhados, mas com o coração aquecido. Porque no Caminho, a verdadeira dádiva não é apenas chegar, mas tudo o que vivemos pelo caminho.

Etapa 9: De Codeseda a Rarís
02/02/2025
Saímos de Codeseda com chuva, um cenário já familiar que tem acompanhado grande parte do nosso caminho. Um pouco mais à frente, o caminho levou-nos por um trilho completamente inundado de água – já faz parte da rotina molhar os pés, é da praxe! Evitar é impossível, aceitar é a única opção.
Porém, ao fim de cerca de uma hora, a chuva deu-nos tréguas e, de vez em quando, o sol espreitava timidamente, iluminando a paisagem e aquecendo-nos a alma. A etapa de hoje, apesar de longa (29 km entre Codeseda e Rarís), foi mais calma e predominantemente plana, uma mudança bem-vinda após os desafios dos últimos dias. O Caminho parecia querer dar-nos um respiro antes da grande chegada.
É importante referir que, depois de sairmos de Codeseda, só encontramos cafés 12 km depois, na localidade de A Estrada. Para quem vem a percorrer este caminho, vale a pena ter isso em conta e preparar-se para um bom troço sem pontos de apoio.
Como não ficámos alojados em Pontevea, decidimos seguir mais alguns quilómetros até Rarís, onde nos esperava um merecido descanso na Casa Mella Rarís, um alojamento onde fomos muito bem recebidos e que nos proporcionou o conforto necessário antes do último dia desta peregrinação.
O percurso de hoje levou-nos por aldeias encantadoras, onde o tempo parece ter um ritmo mais lento, e os campos verdes alternavam entre hortas e terrenos de pasto. As casas de granito e os ribeiros de água cristalina que cortam os trilhos criavam momentos de contemplação e tranquilidade. Os habitantes locais, sempre acolhedores, ofereciam-nos sorrisos e palavras de incentivo, lembrando-nos que o Caminho não se faz apenas de quilómetros, mas também de encontros que enriquecem o caminho.
Agora, com Santiago tão próximo, o coração acelera com a antecipação da chegada. Amanhã, será o dia de abraçar o meu Apóstolo, de chegar à Fonte dos Peregrinos e sentir a emoção de completar este Caminho tão intenso, tão desafiante e, ao mesmo tempo, tão transformador.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros tem sido uma verdadeira prova de resistência, amizade e superação. Cada passo, cada paisagem, cada gesto de generosidade encontrado ao longo do caminho ficará gravado para sempre. Amanhã, mais do que chegar ao destino, será um dia para celebrar tudo o que foi vivido, sentido e aprendido ao longo destes dias inesquecíveis. Seguimos com fé e gratidão.

Etapa 10: De Rarís a Santiago de Compostela
03/02/2025
O último dia da nossa peregrinação começou envolto num denso nevoeiro, como se o próprio Caminho quisesse guardar em mistério os momentos finais desta jornada. Saímos de Rarís, deixando para trás o aconchego do nosso alojamento, onde os hospitaleiros Jorge e Iara, da Casa Mellia Rarís, nos mimaram com a sua hospitalidade e calor humano. A ansiedade misturava-se com a nostalgia – estávamos tão perto do destino e, ao mesmo tempo, já sentíamos saudades da jornada que nos transformou.
Seguimos em silêncio, absorvendo a magia do momento. Ao contrário do que acontece noutros Caminhos, não cruzámos nenhum peregrino. Éramos apenas nós e a estrada, os nossos passos ecoando no vazio, envoltos pela névoa e pelo som distante da natureza. Essa solidão tornava tudo ainda mais especial – cada passo era nosso, cada quilómetro percorrido era uma conquista silenciosa, partilhada apenas entre nós.
O percurso levou-nos por aldeias tranquilas e bosques despidos pelo inverno, onde a ausência de movimento reforçava a introspeção. Foi um caminho de resiliência e superação. Sabíamos que janeiro e fevereiro trariam chuva, mas fomos surpreendidos por muito mais do que isso – duas tempestades cruzaram o nosso trajeto, enfrentámos alertas vermelhos, frio cortante, caminhos encharcados, e seguimos sempre em frente, com fé e determinação.
E então, como num sonho tornado realidade, surgiu a majestosa Catedral de Santiago de Compostela. O momento que tantas vezes imaginámos finalmente acontecia. Entrar na Praça do Obradoiro foi avassalador. Não havia multidões nem celebrações ruidosas – apenas nós, o peso dos quilómetros percorridos e a grandiosidade do momento. O Caminho tinha sido solitário, mas nunca nos sentimos sozinhos.
Este Caminho foi mais do que uma peregrinação. Foi um teste à resiliência, à amizade e à fé. Nada nos garantiu que seria fácil, mas juntos superámos tudo. Agradeço de coração à Maria Joao Silva e ao Licinio Peixe , companheiros incansáveis, que nunca duvidaram do caminho e seguiram comigo até ao fim. Cada obstáculo ultrapassado, cada momento de cansaço vencido, cada riso partilhado tornou esta experiência única.
E um enorme obrigado a todos os que nos seguiram, que nos enviaram mensagens e que, à distância, caminharam connosco. O vosso apoio foi um alento constante.
Hoje o Caminho chega ao fim, mas as memórias e as lições que ele nos ensinou vão permanecer para sempre. E, como todo peregrino sabe, este não é um adeus – é apenas um até breve.🙏❤️🙏
Chegámos a Santiago! 

03/02/2025
Foram dias de chuva, sol, vento, trilhos cobertos de água, subidas difíceis e momentos de pura superação. Mas aqui estamos nós, diante da Catedral, com o coração cheio e a alma em paz. Cada passo valeu a pena, cada desafio fortaleceu-nos e cada encontro no Caminho tornou esta jornada ainda mais especial.
Hoje, com gratidão e emoção, abraço o Apóstolo Santiago e levo no coração todos aqueles que nos acompanharam, mesmo à distância. E, em especial, este abraço vai pelo Joaquim, em nome da minha querida amiga peregrina Paula Francisco, minha família e amigos. Que a força do Caminho e a proteção de Santiago estejam com ele e com todos nós.
O Caminho ensina-nos que não caminhamos sozinhos – cada pegada que deixamos é uma história, cada quilómetro percorrido é uma lembrança, e cada chegada é, na verdade, um novo começo. 💛🙏

Estadísticas oficiais ano 2024
A Oficina do Peregrino fixo públicas as estadísticas do número de peregrinos chegados a Santiago de Compostela durante o ano 2024 polo Camiño da Geira e dos Arrieiros.
A cifra total das «Compostelas» outorgadas aos peregrinos do Camiño da Geira e dos Arrieiros quedou en 690, unha cifra moi relevante e que supera nun 26,1% ás 547 entregadas o ano pasado.


Peregrinos segundo a súa nacionalidade
Os portugueses son ampla maioría, contabilizándose un total de 400. A segunda nacionalidade no ranking é a española, cun total de 172. Despois seguen 31 da República Checa, 12 alemáns e 10 italianos. Belgas, eslovacos, polacos, brasileños son outras das 25 nacionalidades rexistradas neste camiño durante o ano 2024. A gráfica final é esta:

Punto de inicio e medio empregado
Un dos datos máis relevantes é o do punto de inicio da peregrinación. De todos é sabido que o camiño de Santiago está de moda e nos últimos tempos cada vez é máis frecuente que as peregrinacións se limiten a 100 km, distancia mínima para poder obter a Compostela. Este fenómeno dou lugar ao término Turigrinos, e moitas veces son movidos por axencias turísticas que ven as rutas xacobeas como un mercado máis.
No camiño da Geira e dos Arrieiros rómpese esa tendencia e os datos mostran que máis do 70% fixeron o percorrido enteiro, completando os 240 km dende a súa saída en Braga ata a chegada á cidade do Apóstolo. Para nós son respectables todas as formas de peregrinación, pero sen dúbida estes datos diferencian a este camiño do resto das vías. Un dos peregrinos do ano 2017 deixou escrito que esta ruta era «o regreso ao verdadeiro camiño«, algo que poida que sexa esaxerado, pero é unha afirmación que parece que cada vez os datos respaldan máis.

Datos das asociacións
Ao igual que ocorre noutras rutas non todos os peregrinos acuden á Oficina do peregrino da Catedral para recoller a Compostela, e por este motivo non aparecen nas estadísticas oficiais. Nun dos bares da penúltima etapa (Café da Geira de Codeseda) lograron fotografiar 839 persoas que pasaron polo establecemento percorrendo o CGA, e os colectivos promotores e colaboradores calculan que a cifra total en 2024 ronda os 1.247 peregrinos.
A Estrada recibió a más de 1.200 peregrinos en el 2024 gracias al Camiño da Geira
El Camiño da Geira e dos Arrieiros, que parte de Braga (Portugal) y llega a Santiago atravesando entre otros los concellos de A Estrada y Forcarei, no para de crecer. En el año que acaba de terminar recibieron la Compostela un total de 690 peregrinos que llegaron a la capital gallega por esta ruta, lo que ya de por sí supone un crecimiento de más del 26%. No obstante, los impulsores del itinerario calculan que el número total de peregrinos es muy superior, ya que solo una parte de los que terminan la ruta se preocupan por solicitar la Compostela para acreditarlo formalmente. Los promotores estiman que en el 2024 completaron el Camiño da Geira e dos Arrieiros 1.247 peregrinos. De hecho, el paso de 839 de ellos está documentado fotográficamente.
Read MorePrimer peregrino de 2025
Nada máis empezar o ano 2025 xa hai un peregrino que está a punto de rematar a súa peregrinación polo CGA. Trátase de Carlos, un veciño de Lisboa que o venres 3 de xaneiro rematou a etapa en Codeseda e ten previsto chegar a Compostela dous días despois.
Read MoreCaminho da Geira já atrai quase metade dos peregrinos
O número de peregrinos que partiram de Braga e chegaram a Santiago de Compostela pelo Caminho da Geira e dos Arrieiros aumentou 26,3% no ano passado, representando quase metade dos que iniciaram a jornada na Sé Catedral de Braga.
Read MoreLivro apresentado em Caldelas mostra ‘enorme beleza’ e funciona como guia do Caminho da Geira e dos Arrieiros
O auditório de Caldelas, em Amares, acolheu este sábado a apresentação nacional do livro “Um Caminho que o tempo não apagou”, da autoria de Luís Ferreira, que retrata o Caminho da Geira e dos Arrieiros.
Read MoreCaldelas recebe o lançamento nacional de livro sobre o CGA
A vila de Caldelas, em Amares, vai acolher a apresentação nacional do livro ‘Um Caminho que o tempo não apagou’, da autoria de Luís Ferreira, que retrata o ‘Caminho da Geira e dos Arrieiros’. A cerimónia está marcada para o próximo sábado, dia 30 de Novembro, com início às 16h30, no Auditório de Santiago de Caldelas.
Read MoreAlbergue de Santiago de Caldelas acolheu este ano mais de 500 peregrinos
É uma referência no Caminho Jacobeu da Geira e dos Arrieiros
O Albergue de Peregrinos de Santiago de Caldelas, em Amares, o primeiro do Caminho Jacobeu da Geira e dos Arrieiros, aberto desde 2019, tem vindo a afirmar-se como um equipamento essencial para os peregrinos.
Read MoreBraga aumenta número de peregrinos em 7,9% devido ao caminho da Geira (Bloguedominho)
Este ano já receberam a Compostela 1.067 peregrinos que iniciaram em Braga o Caminho de Santiago, mais +7,9% em comparação com igual período do ano passado, destacando-se o Caminho da Geira e dos Arrieiros (CGA), pelo seu grande aumento de popularidade.
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