A Igreja acaba de reconhecer o Caminho da Geira e dos Arrieiros, que liga Braga a Santiago de Compostela na distância de 240 quilómetros, como itinerário de peregrinação jacobeia.
O delegado de peregrinações do cabido da Catedral de Santiago, o deão Segundo L. Pérez López, assinou um certificado onde refere que o traçado cumpre “as condições de outros caminhos de peregrinação” e por isso “concede a Compostela” a quem o percorrer.
Esta é a razão porque, desde 28 de março, é mais fácil aos peregrinos que cumprem o Caminho da Geira e dos Arrieiros obterem a Compostela. A assinatura do documento foi revelada apenas esta quinta-feira, 6, para evitar que coincidisse com o período eleitoral vivido em Espanha.
O reconhecimento resulta da análise da “documentação histórica e atual”, apresentada pela Associação Codeseda Viva – com destaque para os investigadores Jorge Fernández, Carlos da Barreira e Luís Ferro -, uma das organizações que tem trabalhado na investigação e divulgação do itinerário, que atravessa quatro municípios portugueses e 15 galegos.
Os investigadores conseguiram provar a autenticidade do traçado com documentos que datam dos séculos XV a XX, e elementos patrimoniais e toponímicos. As conclusões foram publicadas num livro, do qual foram impressos 22 exemplares, entregues a diversas entidades, em maio de 2018. Em fevereiro passado, a associação reuniu com o deão da Catedral de Santiago, que se mostrou surpreendido com as provas da existência histórica do caminho e pediu um resumo da obra. A entrega aconteceu a 28 de março.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros foi percorrido desde 2017 por mais de 500 pessoas. Este ano 135 já receberam a Compostela, que se juntam a poucas outras a quem foi entregue nos últimos dois anos – a primeira a 22 de maio daquele ano.
O casal Maria Batista, natural das Caldas da Rainha, e João Reis, natural de Lisboa, respetivamente engenheiros agrícola e informático, residentes no Cadaval, e o seu amigo Luís Sobreiro (viticultor), residente em A-dos-Francos (Caldas da Rainha), foram os primeiros a percorrer o itinerário. Partiram a 6 de maio de 2017 e chegaram a Santiago de Compostela no dia 17 seguinte. O jornalista Carlos Ferreira, residente em Leiria, foi primeiro a cumprir o percurso sozinho, entre 14 e 22 de maio.
“A amplitude da riqueza natural e patrimonial do Caminho da Geira e dos Arrieiros transporta-nos aos tempos ancestrais dos romanos e da construção da Catedral de Santiago de Compostela, percorrendo florestas, bosques e vinhedos, atravessados por rios largos e pequenos ribeiros, onde a nossa presença ainda surpreende os animais no seu ambiente natural. É um itinerário de espiritualidade, descoberta e aventura, que convida os peregrinos a regressarem ao verdadeiro Caminho”, descreve o jornalista.